Diário de Bordo do Pai
Data Paternal 28.4
Comecei uma vida de blogueiro (espero que não morra
tão cedo) pelo fato de que vou ser pai, (embora já me considere neste momento).
Tenho até outros blogs, mas este é especial, não se trata de artes marciais e
reflexões profundas, mas de algo palpável, sensível, de saber que em breve, 6
meses, minha criança, meu bebê vem ai.
Por sugestão da Lilica, resolvi escrever este texto
mostrando a visão do pai na gravidez, medos, ansiedades, frustrações, entre
outras coisas. Como serei um pai nerd (nem tanto, vá lá), esportista e jogador
de vídeo-game, minha resposta não poderia ser outra que não fosse
"Challenge Accepted!" - Desafio aceito!!!
Foi no dia 17 na metade do dia que recebi a
mensagem de WhatsApp da minha esposa não apenas afirmando estar grávida, mas mandando
logo a fita teste com a linha de amostra com resultado positivo 3 vezes mais
forte que o controle. Eu, no meio do shopping queria gritar, mas a euforia
morreu em míseros 30 segundos, meu primeiro medo surgiu... DINHEIRO... sim, em
plena crise financeira que vivemos, minha preocupação foi como vamos sustentar
a criança. Respirei, me acalmei, pensei que iria dar um jeito e tudo daria
certo. continuei falando com minha esposa.
A euforia voltou, liguei para minha mãe, para meu
pai, meu irmão, mandei mensagens para minha cunhada e minha irmã (não sabia se
podiam atender o telefone, usei modo de segurança). Continuei falando com minha
esposa pelo WhatsApp (sabe como é, telefone nestas horas não funcionou).
Neste momento inicial, meu medo foi mesmo apenas o
dinheiro. No dia seguinte é que foi caindo a ficha de que responsabilidade
estava chegando. Vamos ter um bebê. Reafirmamos os nomes que antes tínhamos
escolhido. Pensamos em N coisas. E ai vieram os medos dela e meu. Alguns
coincidiram, como escolha de médico (aceitamos sugestões), exames, parto, onde
ficar... e os meus medos exclusivos... e antes que pensem, não é de criar a
criança, depois de tantos trabalhos com crianças, e ver tantas coisas, já sei
que tipo de pai quero ser, e como irei agir, e que mudarei e corrigirei meus
erros.
Meu principal medo, sendo explícito, é que a
presença da criança afete negativamente nosso relacionamento. A
carga de trabalho e responsabilidade que uma criança traz é mortal, e durante
minha vida, vi muitos relacionamentos sofrerem um baque muito grande por isso,
não apenas por ações negligentes do pai, mas em alguns casos de mães também
(claro que a proporção é muito mais por falha dos homens, devido a criação
patriarcal e influência de gerações anteriores), que deixavam uma carga de
trabalho muito grande e desgastante para um só, ou simplesmente se voltavam
para as crianças e esqueciam o casal.
Este medo ressurgiu como uma bigorna em mim, caindo
pesado. Eu sei que não sou o marido ideal, falho muito, tenho passado uma fase
muito ruim interna e isto vinha afetando o que eu sou na vida em geral. Aí ela
fica grávida... trabalhando... estudando... cara, ou eu pelo menos volto a ser
o que já fui um dia, ou vou ser melhor do que já era, ou serei um peso ao invés
de um parceiro e meu medo se torna realidade.
No mesmo da notícia passei no mercado decidido a
cozinhar de novo numa segunda-feira à noite (e tinha um bom tempo que não fazia
isso). Comecei a procurar médicos obstetras no dia seguinte e marquei a
consulta. Fiz coisas que eu estava realmente lento para fazer a tempos. Ao
vê-la dormindo e enjoada, ali vi o meu papel, ser pai neste momento era
diminuir o peso que ela carrega. Para entenderem melhor o que significa para
mim, fiz questão de ir à primeira ultrassonografia (e pretendo ir em todas) e
me senti feliz de ir, pois é fato que esta ultra tem um peso tremendo
psicológico (juro, até o bater do coração, a gente tem dúvida de que tem um
bebê ali).
Este meu medo me fez até refletir que a criança
nascer em dezembro é uma data fantástica pois, como professor,
poderei aproveitar quase todos primeiros 2 meses do bebê em casa, fazendo as
tarefas que ela teria que fazer "sozinha" se eu estivesse
trabalhando. E também uma alegria imensa, vou aproveitar meu recém nascido por
dois meses a qualquer hora (Eu sei, não vou dormir, não precisa me lembrar!)
Então decidi ser o suporte dela, não o ajudante.
Suporte físico e psicológico. Claro que tem seus pontos negativos, estou
cansado, sem dormir mais que 5 horas por dia a 2 semanas. Mas caramba, não sou
eu que está sofrendo enjoando, que esta com sono incontrolável, sendo assim, eu
posso ficar cansado. Se este cansaço resulta em diminuir o peso da gravidez
dela, vou ficar cansado de bom grado.
Meu segundo medo se junta a ansiedade. Saber que a
criança está se formando bem. Engraçado que não
estou ansioso em saber o sexo do bebê, gosto de crianças em geral, mas a espera
de cada nova ultrassonografia me mata do coração. Se pudesse, comprava o
portátil para mim e filmava todo dia. "Mas isso é ansiedade, querer ver o
bebê logo", dirão. Sim, o medo está na formação do bebê. Espero que tudo
esteja bem, tenho certeza que estará tudo bem, mas esperar cada ultra para isso
é desesperador.
Bom, eu queria falar de outros medos, mas não os
tenho muito, mas eles surgirão com o tempo, e a Lilica aceitando, eu relato
para vocês aqui também toda vez que surgirem.
Até a próxima data paternal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário