quinta-feira, 8 de junho de 2017

Foi difícil, mas amamos, parte I - II Carta a minha criança

Diário do Capitão
Data Paternal 52.2

Minha criança, pouco sei ainda sobre você, mas já sei que te amo. Estamos na 15a semana. Faltam de 23 a 25 semanas. Passa rápido, mas ainda parece uma eternidade. Principalmente para sua mãe. 

Sim minha criança, eu te amo, mas uma coisa posso te dizer. Por tudo que sua mãe tem passado, nunca duvide do amor dela por ti, por nenhum momento, nem quando estiver com raiva devido a bronca que possa ter te dado. Repetindo... NUNCA DUVIDE!

Entre todos os textos que escreverei vou escrever, para você especificamente, várias cartas somente para te contar como foi todo período de gravidez, maternidade, paternidade, nossas alegrias e nossas dificuldades, a verdade nua e crua, exatamente para você entender como foi esta jornada e entender do porque falei para NUNCA DUVIDAR DO AMOR DE SUA MÃE POR TI.

Escreverei estas cartas pois um dia você poderá ser pai (e saberá o que a mãe de sua criança pode estar passando, que ela precisa de você, que o período da gravidez pode ser um inferno cheio de revezes) ou mãe (que pela genética, acredito que vai passar por situações muito semelhantes e dificuldades similares) e espero que a surpresa seja pelo menos menor (minha mãe me falou da dificuldade que passou, mas NUNCA me deu a dimensão real do que foi, a ponto de ontem eu falar para ela: "Mãe, você me falou que foi difícil, mas é ainda pior."). Sim minha criança, nunca deixe romantizar a dificuldade da gravidez, o que varia entre as pessoas é o nível de dificuldade.

Primeiro trimestre - acabou mas... como foi?
Nunca pensei que uma pessoa pudesse enjoar tanto. E vomitar tanto, sem estar doente. Foi consequência da gravidez, foi para sua proteção,  mas tive que midar toda minha rotina para ajudar sua mãe. Olha o que tive que fazer:
A- passei a leva-la de carro todos os dias para o trem ou metrô, saindo do meu trajeto para o meu trabalho e levantando mais cedo para não me atrasar. O custo elevado no nosao orçamento foi o menor dos problemas. Por umas 6 vezes (poucas, nem acredito) patei o carro devido ao enjoo dela. Limpei o carro em uma devido a impossibilidade dela controlar até abrir a porta. Fiquei imaginando as miljeres grávidas que não contam com ninguém para realizar este "sacrifício" para aliviar um pouco estes revezes.
B- sono... descomunal. Sua mãe tinha insônia... até engravidar. Sono inabalável, as vezes resultando em desmaio (um dos dias que quase surtei, estava em Jacarepaguá e sua mãe tinha quase desmaiado no metrô da Central, ainda consegui resgata-lá em outro ponto, mas quase morri desesperado com ela).
C- indiferença. Ela está grávida, ela perde forças, ela sente sono, mas as pessoas não ligam. Não cedem lugar no metrô, trem, ônibus. Grávidas sofrem em pé no transporte público pois as pessoas cansadas do dia de trabalho não pensam na próxima, que também trabalhou o dia inteiro mas tem gasto extra de energia gerando um bebê. Sim, elas passam por isso, sofrem com a indiferença até de outras pessoas que estiveram no lugar delas (fico feliz de, na sua gravidez, podermos mprar mais perto do trabalho dela e amenizar monstruosamente estas dificuldades). Nenhuma pessoa saudável que nunca tenha engravidado pode dizer de verdade que está cansado e ela está de frescura. Sua mãe é guerreira. Todas as pessoas que engravidaram são guerreiras. NUNCA NEGUE O SEU LUGAR A UMA GRÁVIDA, NUNCA.
D- todos dizem que é maravilhoso, até apertar um pouco mais. Poucas pessoas que conversei ou sua mãe conversou foram diretos em contar suas experiências. Sabe a conclusão, o resultado, você, é maravilhoso, mas o caminho a trilhar varia de grávida para grávida. Para algumas é maravilhosa, para outras é maravilhosa apesar de tudo.

Com tanta dificuldade, eu tentando amenizar, e acho que ainda não faço o suficiente, nunca ouvi tanto agradecimento de sua mãe. Ela se sentindo culpada e falando do peso que estava sobre mim (sério? Repito, minha obrigação e não acho que estou fazendo tudo que posso), por não estar dormindo direito, nesse momento comentei com ela: "Amor, não estou reclamando, nem chego perto do que você está fazendo ou sentindo. A unica coisa que penso é que se está sendo punk, imagino como é difícil para uma mulher sozinha!".

Uma semana depois leio 2 textos refletindo exatamente a mesma frase. Dois alertas de mães contando exatamente isto que relato mas, o detalhe, depois de suas respectivas criança nascerem. Já me avisaram fase punk do puerpério. Já sei que vai ser ainda mais pesado que hoje, melhor assim. Provavelmente não estarei completamente preparado, cada história é uma, mas estarei mais preparado que se nada soubesse das dificuldades que iremos passar.



Portanto minha criança, não romantize a gravidez. Ela tem sido difícil (na gíria de nossa época Punk) mas, as dificuldades que estou passando não chegam perto das de sua mãe, e para ela levar a gravidez a frente, é uma prova de amor que você nunca vai pider contestar. Eu sempre achei sua mãe guerreira e poderosa, hoje vejo que estava errado, ela é semi-deusa.

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